sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Review: O Rapaz do pijama às riscas, por Joana Dias (Autora Convidada)

Título original: The Boy in the Striped Pyjamas

De: Mark Herman

Escrito por: Mark Herman

Com: Asa Butterfield, Vera Farmiga, David Thewlis e Jack Scanlon


O Inferno visto pelos olhos da inocência, tornam este filme profundamente comovente e emocionalmente perturbador.

Bruno, um menino de oito anos, é o filho de um agente soldado cuja promoção leva a família a sair da sua luxuosa casa em Berlim para uma região quase deserta, onde Bruno se sente profundamente aborrecido por não ter o que fazer, nem ninguém com quem brincar. Atraído pela curiosidade que lhe desperta uma estranha quinta que vê da janela do seu quarto onde tantos os lavradores e os seus filhos parecem andar sempre de pijama, Bruno ignorando a proibição dos pais resolve explorar o jardim, por detrás da casa, e dirigir-se à estranha quinta.

É precisamente aí que Bruno conhece Shmuel, um rapazinho da sua idade que vive na “quinta” do outro lado da vedação de arame farpado. Assim surge amizade intensa e secreta entre Bruno com este menino de pijama às riscas que lhe vai roubar todos os seus sonhos. Ao descobrir que Shmuel é uma criança judia, mantida em cativeiro por ordens do seu pai o seu mundo desmorona-se e leva-o questionar-se sobre quem é o mau da fita o seu pai antes o seu herói, ou o seu novo amigo a quem todos no seu mundo consideram inimigo.

Existem inúmeros filmes sobre o Holocausto, o tema deste filme em si não constitui nenhuma novidade. O interessante neste filme é que o vemos pela primeira vez pelos olhos de uma criança inocente.

Na verdade, esta situação seria improvável de acontecer na realidade. As crianças pequenas, tal como os idosos não eram mantidas nos campos de concentração para trabalhos forçados, uma vez que constituem uma fraca mão-de-obra. Geralmente, eram imediatamente mandados para as câmaras de gaz. Para além disso, seria bastante complicado para Shmuel encontrar-se tantas vezes com Bruno sem ser apanhado em flagrante delito.

Apesar disto, o filme funciona maravilhosamente. As personagens estão brilhantemente construídas e interpretadas com um enorme fundo dramático. As performances do novato Asa Butterfield como Bruno e de Vera Farmiga são de destacar pela sua intensidade e força. Ao longo do filme, vemos as personagens principais como sendo ao mesmo tempo humanos e monstros, com e enormes conflitos internos e crises de valores. Todas as personagens são multifacetadas, não há nenhuma inteiramente má, nem tão pouco inteiramente boa. Mesmo o pequeno herói por vezes, diz mentiras que acabam por ter consequências nefastas para outros personagens.

Tudo isto, a somar a um final arrasador faz com que este seja um dos melhores filmes do ano cujo segredo está na sua deliciosa simplicidade que deixa para cada a analise da história contada na perfeição pelos seus personagens.

Classificação:


Editado por Carlos Antunes

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